Faça por favor as cerimônias, toda pompa e circunstância à informalidade criativa, cidadã, pedestre cotidiana de nossas cidades, guerreira do corre, da falta de títulos, louca, errante ou não, mas em trocas não mensuráveis de saber.

Parece contraditório? Trazer formalidade ao informal?
Então bora inventar um avesso

Praça refletida na entrada da BEM. Fotos da BEM+ Sérgio Odilon

Por que um Laboratório Informal?

Primeiro, por respeito às nossas fragilidades. Um centro leve e simples, por isso criativo de conhecimentos inovadores, feito por gente que não precisa ser cientista, cujos títulos não vem em papel ou não são fáceis. E tudo bem. Aqui o movimento é de ganhar espaço popular, dar um respiro pro poder de fala e de escuta crescer, o poder de audiência e influência se desocupar das burocracias.

Somos uma rede que não para de se organizar – afinal a bagunça humana só cresce. E nos juntamos entre quem quer  divulgar ciência, conhecer os caminhos de Darwin (aqui na vizinhança), fazer comunicação, mudar realidades de abandono social em ocupações de cuidado inclusive da saúde mental, de descobrir o que faz sentido no micro, no entre nós, deixar ressoar até onde for possível. Poder abastecer uma biblioteca que já foi abandonada e há dez anos não é mais… graças às infinitas invenções e mutirões comunitários, descobertas sociais, de saúde, afetivas, comunicacionais e de apoio entre pares.

Gente que se organiza também sem deixar de se sustentar. Bobeou qualquer um cruza a linha entre o trabalho voluntário e a auto-exploração. Não é fácil. Ganhar dinheiro é parte de ter cidadania. E aqui inventamos serviços, soluções, informalidades, numa rede de profissionais que presam pela liberdade de serem autênticos, democráticos nas relações produtivas entre parceiros, mas também amigos em cuidado mútuo.

Somos por fim mas antes de tudo, no feminino, a BEM+, célula de uma ocupação informal altamente potente, cultural, cidadã, a Biblioteca Engenho do Mato (BEM), situada neste bairro periférico de Niterói e que se ocupa de revitalizar um prédio abandonado da educação pública, só na força da comunidade.

“Depois das bibliotecas um centro de estudo avançado” 

Música Griot
MC Marechal
Jovem participando de oficina de audiovisual na BEM. Fotos da BEM+ Sérgio Odilon

Resumo do que é BEM+ Laboratório Informal

1) É uma ocupação da BEM, Biblioteca Engenho do Mato, na casa de quem ocupa a BEM
2) Dá o nome a uma sala-escritório, espaço de encontro e trabalho conjunto do coletivo
3) É um laboratório cidadão e de movimento informal
4) Reúne pesquisadores cidadãos com ou sem universitários envolvidos
5) Serve a estudos e a pesquisas cidadãs, ajuda a divulgar ou desenvolver práticas relacionadas à BEM e a movimentos parceiros

Divisa entre o prédio da BEM e do CIEP Ruy Frazão durante a pandemia. Fotos da BEM+ Sérgio Odilon

O que já rolou?

Começamos laboratoriando a comunicação da BEM, fruto da tese Pesquisador Errante: Comunicação ao Des-envolvimento. Antes da BEM ser uma ocupação comunitária, foi uma biblioteca de garagem numa das casas da vizinhança. Da mesma forma, o laboratório é gestado numa sala de estar. O espaço servia de escritório que faltava ao coletivo da ocupação que trabalhava a comunicação. Rolava muito durante os encontros uma oportunidade para estudar junto, e gerar apoio mútuo pro desenvolvimento acadêmico dos membros da autogestão da BEM. 

Teve membro com projeto de especialização aceito na Fiocruz, 2 monografias defendidas, trabalhos apresentados em seminários nacional e internacional divulgando a BEM

Mas desde 2019, também aconteceu:

  • Parceria de extensão com a casa da ciência (UFRJ)
  • Coprodução de cuidado entre pares na saúde mental com a influenciadora Julia jolie e apresentação no instituto Nize da Silveira
  • Quase 20 mil pessoas alcançadas em uma semana, divulgando pesquisa sobre o protagonismo de jovens na saúde mental: o @Cade_o_KAue
  • O pesquisador residente no laboratório atendeu 6 universidades em 2022, sendo duas cooperações inernacionais – Fiocruz, FGV, Queen Mary; UnB, Universidade de Oxford – e uma cooperação entre a ong parceira Bemtv e a UFF
  • Em 2023, uma rede de profissionais informais foi formada para atender um primeiro cliente coletivo, o movimento social Comer pra Quê?. Vai ter ebook, revista e até jogo sendo lançado. Parte do recurso prevê benfeitorias na biblioteca.
Mutirão de conservação do prédio da BEM no teto do espaço. Fotos da BEM+ Sérgio Odilon

Rede de Informais

Núcleo antimanicomial

Felipe Siston
Pesquisador residente no laboratório informal, doutor em comunicação e colaborador do Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica e Cultura na Unb, além de apoiar os processos de educação popular dos Jovens Comunicadores com a BemTV

Julia Miranda
Diretamente do canal Julia Jolie, a biomédica é uma super parceira do Laboratório Informal, influenciadora digital e divulgadora científica

Núcleo da autogestão da Biblioteca Engenho do Mato

Aline Pereira
Pesquisadora cidadã especialista nas Rodas Culturais – Engenho do Mato/ Niterói
Estela Cardoso
Pesquisadora mestranda em psicologia – Cafubá/ Niterói
Maria Elisa Pimentel
Pesquisadora doutora especialista da Rede Quimera – Engenho do Mato/Niterói
Ana Clara
Pesquisadora cidadã especialista da Rede Cria – Engenho do Mato/Niterói

Núcleo da Rede Jovens Comunicadores

Júlia Couto – Pesquisadora cidadã e cineasta – Rio de Janeiro (Santa Teresa)
Matheus Magalhães – Pesquisador cidadão e fotógrafo – São Gonçalo (Vista Alegre)
Clara sabino – Pesquisadora cidadã e pedagoga nas bibliotecas do Complexo do Chapadão – Rio de Janeiro (Pavuna)
Paula Latgé – Psicóloga e pesquisadora doutora na BemTV

Núcleo Projeto Engajadamente

Sheila Murta – Psicóloga e pesquisadora doutora na UnB
Gabriela Pavarine – Psicóloga e pesquisadora doutora na Universidade de Oxford

Ação de voluntários da BEM realizando troca de alimentos e sementes na praça de frente ao prédio da ocupação. Fotos da BEM+ Sérgio Odilon

Só pra não ter dúvidas

Nossa pesquisadora informal da Rede Cria prestes a cantar na BEM Musical. Fotos da BEM+ Sérgio Odilon

É preciso esclarecer o informal. Porque não, o objetivo não é banalizar ou bagunçar (muito). Temos disciplina: a de desburocratizar. E crença: há vida cotidiana (para os vivos!) paralela à oficial. Vem sem cartão de visita, imposto, emprego, religião — sagrada ou profana.  Não somos um movimento pelo desemprego, mas por um sustento descontraído, cuidadoso, cidadão, produtivo e criativo. Inclusive pra BEM.